Conhecida como “cidade modelo” ou “cidade de primeiro mundo”, e considerada pela ONU como a “capital Ecológica do país”, Curitiba desperta no visitante uma grande curiosidade em conhecer sua história e sua fama.
Quem visita Curitiba fica impressionado com sua organização, com suas praças e arquitetura. Não é à toa quando dizem que Curitiba é um pedacinho da Europa aqui no Brasil. Comparada à Paris e Londres pelos seus belos jardins, e pela sua arquitetura arrojada, seus monumentos e estátuas que se assemelham à cidade espanhola de Barcelona.
Da mesma forma que é comparada a algumas cidades da Europa por seus jardins, sua arquitetura, monumentos, também é levemente comparada à Amsterdã e Albânia, quando se presenciam os garotos no centro da cidade cheirando cola, mendigo dormindo em praça pública, à luz do dia, e as favelas espalhadas pelos arredores da cidade, denunciam uma realidade que pouca gente acreditaria que existe em Curitiba.
Segundo o presidente da Companhia de Habitação do Paraná (COHAPAR), Luiz Claudio Romanelli, reafirmou no encerramento da Conferência da cidade, em 2002, que Curitiba tem 350 mil famílias vivendo em situação precária, em aproximadamente 800 áreas ocupadas irregularmente na Região Metropolitana.
E os problemas sócio-ambientais de Curitiba não se resumem somente nisto. São vários problemas de ordem ambiental que compromete o título da “cidade ecológica”.
Sem levar em conta os sérios problemas socioculturais de Curitiba, a questão dos impactos ambientais causados pela modificação no curso natural dos rios de Curitiba, com canalizações, retirada de mata ciliar e retificação dos rios, eliminando-se as curvas, meandros e áreas de expansão lateral, vale ressaltar, de acordo com Mance, (1996, p.75/135), que,
O planejamento urbano da Capital Ecológica que produz parques bonitos com rios retificados não segue, portanto, princípios ecológicos de urbanização e acaba carreando dinheiro do município para empresas contratadas para "resolver" os problemas que a própria "solução" provoca”.
Pode-se observar ainda, que os rios da Região Metropolitana de Curitiba, estão poluídos e degradados, principalmente aqueles que atravessam a área urbanizada da cidade. Conforme Mendonça, (2002), a degradação dos rios na área urbana de Curitiba e municípios limítrofes é causada principalmente pelo esgoto sanitário doméstico e o industrial que também contribui para a perda de qualidade das águas do município. Segundo Mendonça, (2002),
No âmbito da cidade os atributos do ambiente natural, ou pouco alterados, que ainda ali restam são, muitas vezes, utilizados como estratégia para o desenvolvimento do citymarketing, ou da promoção urbana, como muito bem o apontou Garcia (1997) ao analisar a criação e difusão mediática das imagens curitibanas como fator de atratividade de investimentos e populacional.
Segundo informa a SEMARH, seu alto índice de “53 m²” de área verde para cada habitante, proporcionando maior qualidade de vida a seus habitantes, Curitiba parece ser o melhor lugar do mundo para se viver. No entanto, esse alto índice é questionado, pois não se sabe que critérios foram utilizados para tal medição.
Segundo Mendonça (2002),
os cálculos elaborados pela municipalidade não deixam claro quais foram os critérios utilizados para a seleção das áreas verdes, ou seja, qual o conceito de áreas verdes utilizadas para se chegar aos aludidos resultados. Cálculos elaborados por outras instituições e por pós-graduandos da Universidade Federal do Paraná (Hardt, 1994; Vanin, 2001), utilizando vários critérios, apontam para a existência de um índice de área verde/habitante inferior ao apresentado pelo poder municipal.
Conforme o autor, há forte exclusão da população carente ao acesso aos parques de uso público urbanos, equipados para a prática dos esportes e lazer, pois a distribuição dessas áreas verdes está quase que totalmente concentrado no lado norte da cidade, onde reside a sociedade de classe média e alta de Curitiba, como pode ser examinado nos mapas cartográficos que registram essa distribuição.
A população localizada no centro-sul da cidade, onde está concentrado o mais baixo nível de renda, portanto, sendo a mais carente, não é contemplada com equipamentos de lazer gratuito, pois não há uma política de parques urbanos municipais para estas áreas.
Como conseqüência do processo seletivo de urbanização, observa-se que nestas áreas, os impactos são maiores, ocorrendo inundações urbanas, gerando centenas de vítimas a cada ano. E, é aí também que ocorrem os maiores índices de criminalidade e violência urbana, em decorrência de outros fatores, incluindo a falta de lazer e de oportunidades de uma vida melhor, como os esportes que muito favorece para resolver alguns problemas sociais na cidade.
O Programa “Lixo que não é lixo”, um dos elementos principais para fortalecer a idéia de “Capital Ecológica”, é ineficaz, se tornando um dos mais caros do país, não suprindo as necessidades sociais e ainda onera o poder público.
Conforme Mendonça, (2002 p.), mesmo querendo transparecer que o problema do lixo está resolvido, este se mostra num grande desafio, pois os resíduos sólidos produzidos diariamente pela população, pela indústria, o comércio, os hospitais e pelos serviços constitui uma problemática de difícil solução.
Com base no autor, a maior problemática dos resíduos sólidos se reflete nos grandes grupos de pessoas que vivem em péssimas condições de vida, excluídos e marginalizados. São aproximadamente três mil catadores de lixo sobrevivendo da coleta do lixo na parte central da cidade, segundo Mendonça (2002), apud Davanso (2001); Amaral, (2001).
A presente realidade é uma contradição ao que se conhece de Curitiba. O imaginário de sua população funciona para visualizar uma realidade que objetivamente não existe, mas que são induzidos a acreditar em tal realidade. A produção de city-marketing sobre a cidade, alteraram a percepção das pessoas que acreditam fielmente que Curitiba é “a capital ecológica do país”, acreditando que têm
melhor qualidade de vida do que os demais brasileiros de outras capitais.
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